Subscribe:

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

TEOLÂNDIA: ENTRE O CORAÇÃO E O CHICOTE

Texto escrito e enviado por Antonio Marcos Pereira
Formado em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB


Historicamente sempre fomos submissos, desde a chegada dos portugueses que aqui aportaram que vivemos nesse estado eterno de dominação. Passamos a admirar ditadores/autoritários como se esses fossem verdadeiros líderes.

Somos filhos do chicote, que nos forçava ao trabalho para a riqueza alheia, foi neste espírito de explorador e explorado que a nossa sociedade foi se materializando ao longo do tempo. Talvez seja por causa dessas raízes que  muito de nós sentimos falta do senhor de paletó e gravata, que se utilizava da sua posição social para explorar, humilhar e flagelar  os menos favorecidos.

Outro dia estava em um bairro periférico da cidade e parei com meu irmão para tomar uma cerveja, local que na oportunidade, estava tocando uma música de Edson Gomes cuja um trecho da letra dizia:

E era o chicote no ar
E era o chicote a estalar
E era o chicote a cortar
Era o chicote a sangrar
Um, dois, três até hoje dói
Um, dois, três, bateu mais de uma vez
Por isso é que a gente não tem vez
Por isso é que a gente sempre está
Do lado de fora
Por isso é que a gente sempre está
Lá na cozinha
Por isso é que a gente sempre está fazendo

O papel menor
O papel menor
O papel menor
Ou o papel pior

E isso me levou a seguinte reflexão: Quantas chicotadas deveremos tomar para que a gente possa acordar e transformar nosso grito de lamento em libertação?

Somos herdeiros desse contexto histórico, que tanto nos maltratou e ainda hoje nos maltrata, talvez por culpa nossa não sei. Sabemos que devemos está atentos a tudo e a todos, estabelecendo uma dialética sobre o que nós queremos pra si mesmos e quais caminhos por onde percorrer.

Eu escolhi pela abolição do chicote e decidi percorrer o caminho do coração, daquele que coloca o sentimento de amor ao próximo, do querer bem para a comunidade. Sabemos que não podemos agradar a todos, pois momentos difíceis todos nós passamos. E ao invés de está choramingando pelos quatros cantos, deveríamos refletir sobre o passado, do legado que ele nos deixou e se realmente esse legado mudou nossa vida.

Precisamos sair dessa caverna que nos aprisiona, que nos impede de enxergar a realidade, mas para isso, devemos primeiro nos libertar das correntes da ignorância, O mundo é tão vasto. Eu ainda tenho fé em dias melhores, porém ao invés de lamentações e discursos vazios, procuro dentro da minha possibilidade contribuir para uma cidade melhor, seja com opiniões ou o que for.

O senhor do chicote está querendo voltar e você que acha que tem costas largas e grossas não se incomodar seja o primeiro a dar as costas para bater. Pois a minha já está calejada Um vez que escolhi o caminho da libertação e quando um oprimido se liberta, liberta também seu opressor (Freire).

Todos nós esperamos atitudes, eu sei, mas paciência é uma grande virtude, temos que acreditar e ter fé no despertar, que em minha opinião, está próximo de acontecer. Despertar que vem com o amadurecimento e amadurecimento só vem com o tempo.

Estava domingo entediado em casa e resolvi escrever, pois esta sempre foi a minha grande paixão, escrita e leitura. Visto que estes são os caminhos capaz de nos proporcionar uma visão mais crítica do mundo e se eu não puder mudá-lo, também não contribuirei para torná-lo pior. E é uma homenagem ao meu amigo Lázaro a quem sempre acreditei e ponho a força da fé.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo texto

Idália Souza disse...

Marcos, seu texto é genial. Somos de fato um povo que carrega nas costas as cicatrizes das muitas chicotadas que levamos, e estas feridas ainda doem, ainda nos dizem que mesmo que os tempos sejam outros, estamos sim sendo brutalmente escravizados e cerceados de direitos que deveriam ser básicos, e que na prática se tornam direitos apenas de uma minoria, que está trancada em suítes presidenciais, e envolvidos por gigantescos muros. A educação é o caminho, o esclarecimento é o caminho, pessoas como você criam oportunidades, dão direção, fazem a diferença no sentido de mostrar que os chicotes ainda existem, mas temos meios para acabarmos com ele. Parabéns pelo texto!

Claudia Oliveira disse...

Amei o artigo. Os brasileiros tem que parar de se submeter, temos que usar a educação e o conhecimentos para transformar o Brasil em um país para todos os brasileiros e não só para uma minoria. Parabéns Antônio Marcos seu artigo está brilhante.

Postar um comentário