Motoristas que costumam olhar seus e-mails ou checar sua
maquiagem quando estão parados em faróis terão que se cuidar.
A GM, a montadora americana que tem as maiores vendas, se
prepara para lançar os primeiros automóveis do mundo de produção em massa
dotados de tecnologia de monitoramento de cabeça e olhos, que poderão
identificar quando o motorista está distraído. A informação é de fontes
informadas sobre os planos.
O grupo australiano Seeing Machines, com ações listadas na
Bolsa de Londres, fechou acordo com a Takata, fabricante de artigos de
segurança, para fornecer à GM aparelhos de tracking para até 500 mil veículos
ao longo dos próximos três a cinco anos.
Os aparelhos vão começar por medir a rotação da cabeça, para
alertar o motorista se ele não estiver passando tempo suficiente olhando para
certas áreas, como a rua à frente do carro ou o espelho retrovisor.
"A segurança não é algo que vende muitos carros, o que
vende bem é o que é 'sexy'", disse Ken Kroeger, executivo-chefe da Seeing
Machines. "Mas, uma vez as câmeras presentes nos carros, elas poderão ser
ampliadas para outras finalidades."
A GM se negou a comentar seus planos futuros para seus
produtos.
SENSORES
O carro está na próxima fronteira do uso de sensores
"inteligentes" para reunir e processar dados sobre o consumidor, além
da casa e do local de trabalho. A iniciativa faz parte da disputa crescente
para saber quem pode usar tecnologia para ganhar dinheiro com motoristas -quer
seja com aplicativos no painel de controle, música streaming ou até a
possibilidade de assistir a filmes em carros que se dirigem sozinhos.
"A chave para o fabricante de automóveis se diferenciar
está em como ajuda o consumidor a criar e compartilhar conteúdos", disse o
analista Thilo Koslowski, do grupo de pesquisas Gartner. "A experiência do
usuário é uma oportunidade ainda não explorada que vai determinar quem será o
líder neste espaço."
Os fabricantes de veículos estão aumentando suas ofertas
digitais, reagindo ao receio de que grupos de tecnologia roubem participação de
mercado deles na era dos "carros conectados" que está chegando. A
consultoria automotiva SBD estima que o número de veículos conectados vai
aumentar de 5,4 milhões em 2012 para 36 milhões em 2018, o que representaria
quase um terço de todos os carros previstos para ser vendidos nesse ano.
Kroeger disse que, com o equipamento da Seeing Machine, o
motorista poderá eventualmente ativar um app simplesmente olhando para um ponto
determinado no carro e então tocando um botão na direção. Os aparelhos também
poderiam ser usados para detectar a identidade do motorista, como modo de
proteger contra roubos -ou de impedir um adolescente de usar o carro da família
depois das 22h.
A tecnologia traz à tona questões importantes de privacidade
relativas a como fabricantes e seguradoras vão armazenar e tratar as
informações, mas os aparelhos da Seeing Machines não vão armazenar ou transmitir
os dados, pelo menos não inicialmente.
SEGURO
Seguradoras já estão investindo em telemática para monitorar
o comportamento de condutores, usando smartphones e "caixas pretas",
que transmitem dados de volta e ajustam os prêmios de seguro de acordo com o uso
que o consumidor individual faz do carro.
As máquinas da Seeing Machine envolvem câmeras com
algoritmos capazes de identificar elementos dos rostos dos motoristas, como a
rotação da cabeça e a frequência em que o motorista pisca os olhos. O aparelho
impõe essas informações sobre um mapa tridimensional do interior do carro, para
que ele possa identificar, com precisão de um grau, para o que o motorista está
olhando.
A empresa está investindo em tecnologia que poderá
identificar a intensidade com que o condutor está pensando, monitorando a
dilatação de suas pupilas, e que combina informações faciais com sensores de
sinais vitais como ritmo cardíaco e nível de álcool no sangue.
A notícia está saindo no momento em que a GM e a Takata
enfrentam controvérsias em torno de seus produtos. A montadora está sendo
investigada pelo Congresso americano por não ter feito o recall de milhões de
veículos ao longo de mais de uma década, apesar de falhas no mecanismo de
ignição. Várias montadoras, incluindo GM, Toyota e BMW, fizeram o recall de
milhares de carros devido a um defeito nos airbags da Takata.
Fonte: Folha de São Paulo












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