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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O QUE OS CANDIDATOS DISSERAM NO PRIMEIRO DEBATE PRESIDENCIAL, MAS NÃO É BEM ASSIM, SEGUNDO FOLHA DE SÃO PAULO

Dados fornecidos e afirmações feitas por candidatos à Presidência da República que participaram, nesta terça-feira (26), do debate promovido pela Rede Bandeirantes, em São Paulo, não correspondem à realidade. A equipe da Folha aponta, aqui, quais foram essas falhas.

Além da presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), o debate contou ainda com a presença de Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB) Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). 


SAÚDE
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ABORTO - O candidato Eduardo Jorge disse que 800 mil mulheres sofrem por serem tratadas como criminosas porque fizeram um aborto, mas não existe no país uma base de dados que mostre o número de abortos clandestinos ou de mortes associadas a ele.
MAIS MÉDICOS - A presidente Dilma afirmou que governo brasileiro paga R$ 3.000 aos médicos cubanos, valor semelhante ao pago aos médicos residentes. Não é verdade: o governo desembolsa mais, mas o dinheiro não chega integralmente aos médicos cubanos. O governo federal transfere para Cuba, por meio da Opas (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas), cerca de R$ 10,4 mil mensais por médico –mesmo valor pago pelo governo diretamente aos demais bolsistas do programa. Desse total, Cuba repassa aos médicos cerca de R$ 3.000 mensais. E cabe aos gestores locais das cidades que recebem os profissionais do Mais Médicos cobrir alimentação e moradia.


EDUCAÇÃO
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PRÉ-SAL PARA EDUCAÇÃO - Dilma disse que seu governo se comprometeu com a destinação de 75% dos royalties do petróleo para a educação e conseguiu aprovar uma lei sobre o assunto. Mas isso aconteceu após muito embate, pois o governo federal queria um percentual menor. E o impacto disso será sentido apenas daqui a alguns anos.
ENSINO BÁSICO - Dilma ressaltou o maior acesso ao ensino superior, com mais oportunidades de financiamento, por exemplo, mas não tocou novamente no ponto considerado mais importante por especialistas, que é a necessidade de melhora da qualidade do ensino básico. O Brasil pouco tem avançado nessa área, como indica o desempenho dos estudantes brasileiros em testes internacionais.


ECONOMIA
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INFLAÇÃO - Dilma falou que a inflação está sendo sistematicamente reduzida, mas não é bem assim. A inflação perdeu fôlego nos últimos meses, porém ainda está alta. O custo de vida subiu 6,5% nos últimos 12 meses e está no teto da meta fixada pelo próprio governo (6,5%). Os alimentos pararam de subir em junho e julho, mas os dados prévios de agosto indicam que produtos como a carne voltaram a subir.
INFLAÇÃO - Ao responder a Boris Casoy, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a inflação ficou ao redor do teto da meta de inflação (6,5%) nos últimos nove anos. Também não é bem assim. Em 2006 e em 2007, a inflação foi bem mais baixa: 3,14% e 4,46%, respectivamente. Ao responder à réplica de Aécio Neves, Dilma atribuiu à crise internacional a culpa pela moderação do crescimento no Brasil. Houve efeitos negativos, sim. Mas países que estiveram no centro da crise, como os Estados Unidos, já recuperam o crescimento da economia. No segundo trimestre, a velocidade de crescimento dos EUA foi de 4% ao ano.
PREVIDÊNCIA - Ao responder a pastor Everaldo, Marina Silva afirmou que vai criar uma regra de reajuste para as aposentadorias. A maior parte dos benefícios (70%) tem valor de um salário mínimo, sendo corrigidos com ele. Entre dezembro de 2002 e dezembro de 2013, segundo a FGV, o salário mínimo valorizou-se 81%, já descontada a inflação. Só as aposentadorias com valor acima de uma salário mínimo não têm, atualmente, regras automáticas de correção. A atual regra (que leva em conta o crescimento da econômica e a inflação) tem validade até o ano que vem.


ENERGIA
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BELO MONTE - Pergunta enviesada de Boris Casoy sobre Belo Monte: a usina do rio Xingu não vai produzir apenas 4.571 MW dos 11.233 MW de capacidade instalada por exigências ambientais exageradas. É consequência intrínseca do projeto definido pelo governo federal, em que se optou pela modalidade de fio d'água para não inundar terras indígenas e para diminuir o impacto ambiental.
PRÉ-SAL - A candidata Dilma disse que, em três anos, a Petrobras conseguiu atingir a produção de 540 mil barris de petróleo por dia no pré-sal. Mas foi em 2006 que a empresa encontrou petróleo no pré-sal da bacia de Santos e, desde então, vem aprofundando a exploração de tais reservatórios. A declaração da viabilidade de produção comercial nessas áreas foi em 2010. As suspeitas de que essas formações guardavam grandes reservatórios de petróleo são ainda mais antigas entre os geólogos da empresa.
ENERGIA EÓLICA - Em resposta a Pastor Everaldo, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o país é um grande produtor de energia eólica. Porém, nem toda a energia gerada chega ao consumidor. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica, as geradoras de energia movida a ventos já são capazes de produzir 5 MW, ou 4% da capacidade de geração de energia elétrica do país. Essa capacidade instalada geraria energia elétrica suficiente para 10 milhões de pessoas. Porém, segundo a entidade, desse total, 4,1 MW estão "efetivamente gerando". O restante está sem operar por falta de linhas de transmissão que garantam o transporte da energia.

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